sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Carro da Fórmula 1 desfilará pelas ruas da capital

Carro da equipe Red Bull usado na temporada 2006 chega a Brasília, onde participará de uma apresentação nas ruas da cidade neste sábado

O circo da Fórmula 1 movimenta uma das mais complexas estruturas do esporte mundial. A cada etapa, um verdadeiro exército de mecânicos, engenheiros, diretores, patrocinadores, pilotos e, obviamente, material técnico de última geração se desloca de um país para o outro. E andar por aí com dezenas de carros e motores, além de centenas de pneus, não é algo tão fácil.

Brasília teve na quarta-feira uma pequena idéia de todo o trabalho que dá levar as máquinas da Fórmula 1 até as pistas. Um carro da equipe Red Bull Racing (RBR), utilizado na temporada de 2006, desembarcou na cidade para uma apresentação neste sábado, às 10h, com entrada franca, num circuito montado na Esplanada dos Ministérios. A equipe do Correio Braziliense cobriu a chegada do bólido e constatou o quão trabalhoso é a montagem de um carro da principal categoria do automobilismo mundial.

Julian Mills, coordenador do projeto de demonstrações da RBR, contou que são necessárias pelo menos duas horas para a montagem do monoposto, pois é preciso fazer uma série de checagens dos sistemas antes que seja possível rodar com o carro nas ruas.

Essas ações são realizadas por no mínimo 12 pessoas, entre engenheiros, mecânicos e o próprio piloto. “Contamos com um profissional específico para cada coisa. São quatro toneladas e meia de equipamentos. Trabalhamos com um profissional para o motor, outro para a parte hidráulica, um para o câmbio, outro para suspensão. O carro vem todo separado desde o chassi, motor, caixa de câmbio, assoalho, asas, enfim”, disse Julian.

Segundo ele, a exibição da Red Bull já rodou diversos países neste ano — Cingapura, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jamaica, França, Espanha, Hungria, Alemanha e Rússia —, mas a capital do Brasil tem empolgado. Para Julian, o diferencial de Brasília está no fato de as ruas serem longas e largas, o que proporcionará ao carro andar muito mais rápido que o normal, inclusive, com espaço para fazer zerinho (um giro de 360 graus). Hoje, o F-1 será exposto no Conjunto Nacional para visitação do público. Na sexta-feira, passará por uma última afinação antes do evento principal. Os dois carros da equipe Red Bull Racing de Stock Car, com seus respectivos pilotos, também participarão da demonstração.

Expectativa
Robert Wickens, que pilotará o Fórmula 1, destacou que esta será sua quarta apresentação nas ruas pela RBR — já andou duas vezes no México, e uma em Cingapura —, e pelo que viu até agora, o Brasil parece ser um país muito bonito. “É minha primeira vez aqui e tenho certeza de que conseguiremos fazer um show espetacular no sábado, nessas avenidas largas de Brasília.”

Robert, que corre na World Series, pela Carlin Motorsport e é piloto de teste da F-1 pela Red Bull Racing, sonha em ser piloto oficial de Fórmula 1. “Mais do que longa, a estrada é difícil. É claro que quero chegar lá o mais cedo possível, mas tenho de continuar dando o meu máximo e impressionando as pessoas certas. Meu objetivo é chegar à F-1 daqui a três anos.”

Ele aproveitou o assunto para avaliar o fato de nenhum canadense ter chegado à F-1 depois de Jacques Villeneuve. Para Robert, um dos grandes obstáculos é não ter um automobilismo local forte no país. “É preciso ir para a Europa desde cedo, o que não é possível sem um patrocinador forte ou pais muitos ricos. No meu caso, conto com o apoio da Red Bull, sem o qual eu não poderia estar correndo na Europa como estou hoje.”

A próxima apresentação da RBR será realizada em Buenos Aires e o piloto será David Coulthard, vice-campeão mundial da Fórmula 1 em 2001. O escocês não pôde vir à cidade porque vai participar do GP do Japão neste fim de semana.

Stock Car
Para Amir Nasr, chefe da equipe RBR de Stock Car, com sede em Brasília, a vinda do carro de F-1 é um ganho para o automobilismo local. “A princípio, o carro iria para o Rio de Janeiro, mas a gente fez um esforço para trazer para cá e o Governo do Distrito Federal apoiou desde o início. Sem dúvida, uma ação como esta é importante, pois além de dar visibilidade a Brasília, chama a atenção para o autódromo brasiliense, que, quem sabe no futuro, poderá receber um evento de F-1 ”, afirmou. “Não bastasse isso, a arquitetura da cidade feita por Oscar Niemeyer encanta muita gente do automobilismo. Niemeyer tem fãs.”

Na opinião de Samir Nasr , diretor técnico da RBR de Stock Car, a vinda do F-1 tem dois fatores bem interessantes: a repercussão mundial do evento e a chance que as pessoas terão de ver de perto um carro desses. “É uma ação fantástica, e o bom é que como o carro foi montado na nossa oficina, podemos interagir com a tecnologia da Fórmula 1.”

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