domingo, 18 de outubro de 2009

Ross Brawn elogia trabalho de Rubinho: 'É um dos motivos do nosso sucesso'


Brawn (dir.) e Barrichello: desempenho da equipe surpreendeu o dirigente


Chefe da Brawn vê Jenson Button com 'mais talento natural' e Rubens Barrichello como piloto que conhece melhor a parte técnica do carro

Ele é, sem dúvidas, o grande vencedor desta temporada. Afinal, transformou uma equipe falida em vencedora em pouquíssimo tempo, algo inédito na história da Fórmula 1. A apenas meio ponto de levar o Mundial de Construtores e muito próximo de conquistar também o de pilotos, Ross Brawn considera que o trabalho de Rubens Barrichello foi essencial para o sucesso do time nesta temporada.

Muito bem-humorado, o dirigente inglês conversou com o GLOBOESPORTE.COM na noite de sábado e ajudou a explicar o sucesso de sua equipe neste ano. Sincero, Ross Brawn disse que não esperava um desempenho tão arrebatador quanto o desta temporada.

- Queríamos ser respeitados, competitivos e ter um bom desempenho. Tenho muitos anos de Fórmula 1 e queria ter oportunidades de vencer corridas nesta temporada. Era este nível de competitividade que buscávamos. Era nossa ambição - diz Brawn.

GLOBOESPORTE.COM: Você esperava um sucesso tão grande na primeira temporada da Brawn GP na Fórmula 1? Ross Brawn: Você nunca espera, para ser honesto e verdadeiro. Quando você constrói seu carro, faz o melhor trabalho que pode, mas não dá para ter certeza do que vai acontecer. Sabíamos que tínhamos construído um modelo muito bom. Por isso, seria uma frustração se falhássemos. Queríamos mostrar o progresso que fizemos como equipe após 2007 e 2008. Rapidamente os pilotos elogiaram o carro, se sentiram bem nele. Sabíamos que era uma boa oportunidade para isso.

Qual o papel de Rubens Barrichello na evolução da equipe neste ano? A razão para manter Rubens na equipe era porque tínhamos uma longa relação. Confio nele, posso deixá-lo livre no lado técnico. Além disso, ele é um ótimo piloto e comete poucos erros. Isso é ótimo para um time como o nosso, que ainda busca se consolidar na Fórmula 1. Temos dois ótimos pilotos e Rubens se encaixou bem no papel. Tínhamos um orçamento curto no início do ano e está fazendo um ótimo trabalho. Rubens é um dos motivos do nosso sucesso.

Entre Jenson Button e Rubens Barrichello, quem é o melhor piloto? Os dois são pilotos da mais alta qualidade. Você não fica na Fórmula 1 se não for excepcional. Acho que Jenson tem mais talento natural e Rubens conhece mais da parte técnica do carro. As diferenças são muito pequenas e sou muito feliz de ter os dois na minha equipe.


Postulantes ao título, Barrichello e Button são elogiados pelo chefe

Ross Brawn, que vê o brasileiro como um piloto mais que conhece mais

a parte técnica do carro, enquanto o inglês tem um talento natural.


Como você vê a evolução de Rubens Barrichello desde a época da Ferrari?
Não sei se ele evoluiu. De alguma forma, isto é um elogio. Seu desempenho é tão bom quanto o da época da Ferrari alguns anos atrás. Ele é o mais experiente da Fórmula 1, mas continua em alta. É normal ver o piloto começar a cair, mas isso não acontece com Rubens. Por isso, é um elogio. Ele continua tão forte e competitivo quanto na Ferrari.

Qual a diferença de vencer com a Ferrari e com a Brawn?
Vencer com a Brawn é diferente. Somos uma equipe menor, mais íntima, 450 contra 1.000 pessoas na Ferrari. Para mim, os dois foram momentos maravilhosos. Não é fácil vencer na Fórmula 1, seja com a Ferrari ou com a Brawn. Acho que o mais especial deste ano é que estou na minha segunda temporada com eles e passamos por momentos difíceis no inverno, quando não sabíamos se iríamos sobreviver. Construir um carro tão bom nesta situação é muito especial.

Como você analisa o desempenho de Jenson e Rubens nesta temporada? É uma pergunta difícil, porque não existiu uma atitude especial que um dos pilotos tomou. Sempre foi muito próximo em matéria de desempenho. Um consegue alguns décimos de vantagem sobre o outro e ele parece mais forte. Não foi uma diferença grande entre eles. Fiquei surpreso com o fato de Rubens não ter vencido mais corridas no início do ano, porque achei que ele ficou muito próximo. Jenson levou vantagem em algumas corridas. Por isso, não houve um evento ou uma ação específicos para mudar isso.

Qual foi a parte mais difícil de gerir a Brawn? Lutar por patrocínios ou evoluir o carro? Acho que os dois foram complicados. Tenho de trabalhar duro no lado comercial e manter a competitividade do carro. Tem sido um desafio nos dois lados, mas temos uma excelente equipe, um grupo muito bom. Temos gente que assume a responsabilidade em diferentes áreas. Eu tomo conta do lado das corridas, mais técnico, e Nick Fry assume a parte comercial da equipe. Mas estou mais envolvido com estas negociações do que na época de Ferrari, por exemplo.

Quem foi o melhor piloto com que você trabalhou? É claro que Michael (Schumacher) venceu vários campeonatos mundiais, o que é um feito único. Todos os pilotos têm qualidades diferentes. E os melhores são aqueles que ocupam os papeis que você precisa. Os melhores pilotos que eu tenho no momento são Jenson e Rubens.

Você acha que o título de pilotos será decidido em Interlagos? Acho que isso variou muito durante a temporada. No início da temporada, Jenson conseguiu melhores resultados, mas Rubens nunca desistiu. E como agora Jenson não desistiu. Meu sonho é chegar em Abu Dhabi com os únicos pilotos disputando o título mundial. Seria maravilhoso acabar o fim de semana em Interlagos com o sucesso confirmado: o título de construtores e apenas nossos pilotos com chances de título. É uma luta limpa e a temporada foi muito bem-sucedida.

A saída da Honda, no fim de 2008, foi uma surpresa para você?
Foi uma grande surpresa. Obviamente a crise econômica tornou a situação muito difícil no fim do ano passado. Eu participei de uma reunião com a montadora em Londres, em novembro, onde esperava por dificuldades. Mas foi pior do que isso. Os dirigentes da Honda disseram que não tinham mais condições de continuar na Fórmula 1. Então, os esforços para manter a equipe começaram e apenas em fevereiro conseguimos chegar a um acordo com a Honda.

Como estão os trabalhos para a temporada de 2010 da Fórmula 1? Acho que temos um grande grupo de pessoas, com ótimos engenheiros. Já estamos trabalhando duro no carro do próximo ano. Não estamos deixando que a briga pelo título em 2009 nos distraia dos esforços para o modelo de 2010. É claro que esperamos que Ferrari e McLaren estejam muito fortes, mas acreditamos que podemos competir, que podemos fazer um ótimo carro. Você nunca pode ter 100% de certeza, mas deveremos estar bem no próximo ano. O trabalho no novo carro já começou há seis meses. Esta é uma fase de transição.

Você quer manter a dupla Barrichello e Button em 2010? Vamos sentar com ambos os pilotos ao fim desta temporada e conversar. Eles estão fazendo um bom trabalho.

Você esperava um sucesso tão grande já na primeira temporada do time? Você nunca espera isso. O que você faz é preparar um carro e tentar colocar seus planos em prática. Mas você não pode contar com isso, talvez alguém trabalhe melhor do que você e tenha um melhor desempenho. Mas eu sabia que tínhamos um ótimo carro, muito melhor do que o do ano passado. Essa é a única coisa que você precisa pensar: fazer o próximo modelo melhor do que o atual. Mas muito depende da competição e neste ano Ferrari e McLaren não estavam tão fortes.

Antes da temporada, qual era o objetivo da equipe? Queríamos ser respeitados, competitivos e ter um bom desempenho. Tenho muitos anos de Fórmula 1 e queria ter oportunidades de vencer corridas nesta temporada. Era este nível de competitividade que buscávamos. Era nossa ambição.

Qual o momento mais difícil da sua carreira na Fórmula 1? Tive vários (risos), mas acho que sempre é o próximo. Mas acho que a desistência da Honda foi o mais complicado. Pela natureza do nosso negócio, precisamos ser otimistas. Mas apesar do início difícil, atingimos nossos objetivos neste ano. Fiquei muito satisfeito, como outras vezes na minha carreira.

Quais são as principais diferenças entre motores Mercedes e Honda? O Mercedes é um ótimo motor, o melhor da Fórmula 1 atualmente. A Honda precisaria redesenhar seu motor, porque sofremos muito no último ano.


Fonte: Globo Esporte




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