domingo, 25 de julho de 2010

Massa abre para Alonso vencer em dobradinha da Ferrari


Decepção de Felipe Massa, festa de Fernando Alonso no pódio em Hockenheim (Foto: getty image)

Ferrari manda recado, Massa abre e cede vitória a Alonso em Hockenheim

Líder da prova até a 49ª volta, brasileiro recebe ‘indireta’ pelo rádio e permite ultrapassagem do espanhol; Sebastian Vettel completa o pódio em terceiro


O domingo para os brasileiros na Fórmula 1 terminou com um gosto amargo que não era sentido há tempos. Após uma bela largada, quando superou Fernando Alonso e Sebastian Vettel para assumir a liderança do GP da Alemanha, Felipe Massa se dedicou a segurar a pressão do companheiro de equipe. Resistiu aos ataques do espanhol, que chegou a se irritar – “Isto é ridículo!” – com a resistência do brasileiro. A bravura, no entanto, caiu por terra na 49ª volta, a 18 do fim, quando a Ferrari decidiu acabar com a disputa. Rob Smedley, engenheiro de Massa, disse pausadamente, dando ênfase a cada palavra:

- Fernando está mais rápido que você. Pode confirmar que entendeu esta mensagem?

O efeito foi imediato. Felipe quase parou o carro na pista para ceder a liderança da corrida a Alonso. Com a “ajudinha” da equipe, o espanhol venceu o GP em Hockenheim, seu segundo triunfo na temporada 2010. O brasileiro chegou em segundo, seguido por Vettel, da RBR, Lewis Hamilton e Jenson Button, a dupla da McLaren. Para completar o constrangimento, Massa ainda ouviu no rádio outra mensagem do engenheiro, se desculpando pelo "incômodo":

- Boa decisão. Temos de ficar assim agora. Desculpe.


Após a bandeirada, Alonso cumpriu o protocolo, subiu no carro para comemorar e se dirigiu a Massa. A recepção do brasileiro foi fria, com tapinhas tímidos nas costas do espanhol. Nada mais que isso. Em seguida, na entrevista coletiva, Felipe seguiu a cartilha e até elogiou o trabalho da Ferrari, mas foi irônico ao ser perguntado sobre a manobra polêmica:

- Não preciso dizer nada sobre isso.

O episódio deste domingo (veja no vídeo ao lado) revive o GP da Áustria de 2002, quando Rubens Barrichello chegava para vencer a prova, e a mesma Ferrari mudou o rumo das coisas. Na ocasião, o brasileiro foi obrigado a frear bruscamente nos últimos metros para a ultrapassagem do companheiro Michael Schumacher.

Decidido pela estratégia do time italiano, o GP da Alemanha mantém o inglês Lewis Hamilton na liderança do campeonato, com 157 pontos, 15 à frente do companheiro Jenson Button, e 19 à frente de Mark Webber (sexto colocado no domingo) e Sebastian Vettel, a dupla da RBR. Com a vitória, Alonso subiu para 123 e, em quinto, se aproximou da briga pelo título. Massa é o oitavo, com 85 pontos. A próxima corrida será disputada no próximo domingo, dia 1º de agosto, na Hungria, a última antes da pausa para as férias de verão da Fórmula 1.


Rubens Barrichello, da Williams, chegou em 12º lugar no domingo. Bruno Senna, da Hispania, foi o 19º, o último piloto entre os que completaram a prova. Lucas di Grassi, da VRT, abandonou a 17 voltas do fim por problemas mecânicos.

A corrida

Mesmo com tempo nublado em Hockenheim, a ameaça de chuva passava longe do circuito antes da largada do GP da Alemanha. O duelo na corrida deveria ficar entre as RBRs de Vettel e Webber e as Ferraris de Alonso e Massa, que dominavam as duas primeiras filas.

Só que a largada se encarregou de acabar com esta expectativa. Após uma dividida de Vettel com Alonso, ainda na reta dos boxes, Massa foi inteligente e superou os dois rivais. O espanhol se manteve à frente do alemão e assumiu a segunda posição da corrida. Com um bom desempenho, os dois carros da Ferrari começaram a abrir uma boa vantagem para o alemão.

A partir daí, as emoções da corrida ficariam restritas ao duelo entre Massa e Alonso pela primeira posição. Como o espanhol tinha mais pontos no campeonato que o brasileiro, acreditava-se que a Ferrari daria uma ordem rápida para a inversão das posições, mas não foi o que aconteceu. Massa se manteve à frente, andando rápido com os pneus supermacios.

O brasileiro se manteve à frente do espanhol no primeiro trecho da corrida, sem ser muito ameaçado. Na 13ª volta, Alonso foi chamado aos boxes para seu pit stop e todos temiam que a inversão poderia ser feita no trabalho da equipe. O brasileiro entrou na volta seguinte e o temor foi afastado: a Ferrari fez o mesmo tempo de parada para ambos.

Com os pneus duros, Massa começou a ter problemas com o aquecimento da borracha. Alonso se aproximou rapidamente do brasileiro, que travava as rodas em excesso. Na 21ª volta, o espanhol tentou a manobra no hairpin do circuito, mas Massa defendeu exemplarmente e se manteve à frente. O bicampeão da F-1 não desistiu e tentou novamente na passagem seguinte, mas sem sucesso.

Pressionado, Massa finalmente conseguiu dar a temperatura ideal a seus pneus e encaixou uma série de cinco voltas muito rápidas, abrindo quase quatro segundos para o espanhol. A partir daí, os dois começaram a andar no mesmo ritmo. Eles se revezavam nas voltas mais rápidas, mas a vantagem permanecia na casa dos três segundos.

A partir da 39ª volta, Massa começou a perder terreno para Alonso, que andava muito bem no primeiro e terceiro setores da pista. O espanhol reduziu a desvantagem para menos de um segundo, quando a comunicação por rádio com o brasileiro foi mostrada na transmissão oficial da TV. Uma ordem da equipe, codificada, mandava que ele cedesse a posição ao companheiro.

Na 49ª volta, Massa quase parou seu carro na pista para deixar que Alonso o ultrapassasse. Relegado à segunda posição, o brasileiro recebeu um pedido de desculpas de Rob Smedley, seu engenheiro na equipe italiana. O espanhol, então, começou a andar mais forte, meio que como para justificar a decisão da Ferrari, enquanto Massa apenas mantinha seu ritmo.

Alonso então teve tranquilidade para cruzar a linha de chegada em primeiro. Massa cruzou quatro segundos atrás, mas não chegou a ser ameaçado por Vettel, que completou em terceiro. O alemão chegou até a fazer voltas mais rápidas na parte final, mas não foi suficiente para lhe deixar em condições de tentar uma ultrapassagem sobre o brasileiro.

Confira o resultado final do GP da Alemanha (306,458km):

1 - Fernando Alonso (ESP/Ferrari) - 67 voltas em 1h28m38s866
2 - Felipe Massa (BRA/Ferrari) - a 4s196
3 - Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - a 5s121
4 - Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) - a 26s896
5 - Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) - a 29s482
6 - Mark Webber (AUS/RBR-Renault) - a 43s606
7 - Robert Kubica (POL/Renault) - a 1 volta
8 - Nico Rosberg (ALE/Mercedes) - a 1 volta
9 - Michael Schumacher (ALE/Mercedes) - a 1 volta
10 - Vitaly Petrov (RUS/Renault) - a 1 volta
11 - Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) - a 1 volta
12 - Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth) - a 1 volta
13 - Nico Hulkenberg (ALE/Williams-Cosworth) - a 1 volta
14 - Pedro de la Rosa (ESP/Sauber-Ferrari) - a 1 volta
15 - Jaime Alguersuari (ESP/STR-Ferrari) - a 1 volta
16 - Vitantonio Liuzzi (ITA/Force India-Mercedes) - a 2 voltas
17 - Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes) - a 2 voltas
18 - Timo Glock (ALE/VRT-Cosworth) - a 3 voltas
19 - Bruno Senna (BRA/Hispania-Cosworth) - a 4 voltas

Não completaram:
Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Cosworth) - a 11 voltas/mecânico
Lucas di Grassi (BRA/VRT-Cosworth) - a 17 voltas/mecânico
Sakon Yamamoto (JAP/Hispania-Cosworth) - a 48 voltas/mecânico
Jarno Trulli (ITA/Lotus-Cosworth) - a 64 voltas/mecânico
Sebastien Buemi (SUI/STR-Ferrari) - a 66 voltas/acidente

Melhor volta: Sebastian Vettel (ALE/RBR-Renault) - 1m15s824, na 67ª

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